17.1.12

2.

Ok, quando tu dás o tudo e não recebes o nada é degradante. Sentes-te usada e magoada. Processo de reificação, introdução ao pensamento contemporâneo, "as pessoas são tratadas como objectos, coisas, com um objectivo final de satisfazer a vontade, um desejo uma necessidade do outro". Estúpido é o conformismo que eu dou a este processo em mim. Sei que sou usada. Conforme a sua disponibilidade. Mas porque hei-de reclamar, se prefiro te-lo assim do que nunca o ter?
Sensação de impotência e incredulidade. Nada mais posso eu fazer para o mudar, pois já tentei de tudo.


1.

Vamos, liberta-te. Afinal já nada mais pode correr mal. Ou já nada mais pode correr pior do que aquilo que já aconteceu. "Para a vida ou para a morte", disse ele, o único destino que é certo para qualquer pessoa e tu não és nem serás diferente. Sente-o, deseja-o, acredita agora. No fundo, só vai poder acabar numa grande desilusão. Talvez seguir para um depressão. Quem sabe. Mas afinal, queres sofrer pelo arrependimento de não o teres feito, ou queres sofrer por um erro? Pensa.


16.1.12

Marcas

Quem não nasce com sorte tem a conquistar.



O trevo de quatro folhas representa tudo aquilo que alguém mais deseja


Esperança
Amor
Sorte



É uma das plantas mais místicas de sempre, transformada num amuleto, quando encontrada. Depois de algum tempo, secada dentro de um livro especial, bem lido e relido, deve acompanhar o seu novo dono durante o resto da sua vida, libertando aos poucos a sua magia. Eu nunca encontrei nenhum. Procurava naquele monte repleto de trevos de três folhas, sempre com a esperança que de encontrar um, de o guardar dentro

de um livro do Harry Potter e assim iria ter sorte para sempre. Tanta ignorância e egoísmo. Não queria apreciar a sua beleza, trata-lo como uma planta especial caso o encontrasse. Queria era ter toda a sorte do mundo e ter a minha vida facilitada ainda mais facilitada. Fui castigada: nunca encontrei nenhum.  
Doeu um pouco. Mas tu estavas lá. No inicio mais não passava do que uma ferida feia no meu pulso, com algum sangue e fragmentos de tinta. Mas depois começou a ganhar forma. A agulha lá concretizou a minha vontade e prendeu-o    na minha pele, no meu corpo. Ele estava a agarrar a minha mão, quase que a gosar comigo, a ver-me sofrer. Sempre foi maléfico assim, acho que gosta de me ver chorar. Mas não chorei. Não chorei no momento mais bonito da minha vida, até agora. No momento em que não só conquistei a minha sorte mas também o amor.
Finalmente, percebi, posso agora ser feliz.




3.12.11

Melhor ainda



E soube mesmo bem, aquele exagero de tempo enrolada num cobertor e numa capa, gelada ainda assim, psicologicamente. A cabeça estava louca, qualquer cor nova, qualquer som, qualquer mudança brusca fazia doer, quase insuportavelmente, fazia doer quase de uma maneira linda. Não podia nem queria parar de tremer, de frio, de nervos, das visões. Não queria porque só absorvendo tudo possível podia talvez sentir isso, sentir o que nos faz caminhar. Os pequenos de uma vida, que juntos fazem um grande que nos torna realmente preenchidos. Era violento para mim, mas estranhamente familiar, estranho, de um passado algures esquecido. Não se evita assim, é melhor ainda. Melhor.